sábado, 26 de setembro de 2015

Cap. 23 – DA OBSESSÃO - O Livro dos Médiuns por ALLAN KARDEC





237. No número das dificuldades que a prática do Espiritismo apresenta é necessário colocar a da obsessão em primeira linha. Trata-se do domínio que alguns Espíritos podem adquirir sobre certas pessoas. São sempre os Espíritos inferiores que procuram dominar, pois os bons não exercem nenhum constrangimento. Os bons aconselham, combatem a influência dos maus, e se não os escutam preferem retirar-se. Os maus, pelo contrário, agarram-se aos que conseguem prender. Se chegarem a dominar alguém, identifica-se com o Espírito da vítima e a conduzem como se faz com uma criança.
            A obsessão apresenta característica diversas que precisamos distinguir com precisão, resultantes do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que este produz. A palavra obsessão é portanto um termo genérico pelo qual se designa o conjunto desses fenômenos, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.
            238. A obsessão simples verifica-se quando um Espírito malfazejo se impõe a um médium, intromete-se contra a sua vontade nas comunicações que ele recebe, o impede de se comunicar com outros Espíritos e substitui os que são evocados.
            Não se está obsedado pelos simples fato de ser enganado por um Espírito mentiroso, pois o melhor médium está sujeito a isso, sobretudo no início, quando ainda lhe falta a experiência necessária, como entre nós as pessoas mais honestas podem ser enganadas por trapaceiros. Pode-se, pois, ser enganado sem estar obsedado. A obsessão consiste na tenacidade de um Espírito do qual não se consegue desembaraçar.
            Na obsessão simples o médium sabe perfeitamente que está lidando com um Espírito mistificador, que não se disfarça e nem mesmo dissimula de maneira alguma as suas más intenções e o seu desejo de contrariar. O médium reconhece facilmente a mistificação, e como se mantém vigilante raramente é enganado. Assim, esta forma de obsessão é apenas desagradável e só tem o inconveniente de dificultar as comunicações com os Espíritos sérios ou com os de nossa afeição.
            Podemos incluir nesta categoria os casos de obsessão física, que consistem nas manifestações barulhentas e obstinadas de certos Espíritos que espontaneamente produzem pancadas e outros ruídos. Quanto a este fenômeno, remetemos o leitor ao capítulo Das manifestações físicas espontâneas, nº 82.
            239. A fascinação tem conseqüências muito mais graves. Trata-se de uma ilusão criada diretamente pelo Espírito no pensamento do médium e que paralisa de certa maneira a sua capacidade de julgar as comunicações. O médium fascinado não se considera enganado. O Espírito consegue inspirar-lhe uma confiança cega, impedindo-o de ver a mistificação e de compreender o absurdo do que escreve, mesmo quando este salta aos olhos de todos. A ilusão pode chegar a ponto de levá-lo a considerar sublime a linguagem mais ridícula. Enganam-se os que pensam que esse tipo de obsessão só pode atingir as pessoas simples, ignorantes e desprovidas de senso. Os homens mais atilados, mais instruídos e inteligentes noutro sentido, não estão mais livres dessa ilusão, o que prova tratar-se de uma aberração produzida por uma causa estranha, cuja influência os subjuga.
            Dissemos que as conseqüências da fascinação são muito mais graves. Com efeito, graças a essa ilusão que lhe é conseqüente o Espírito dirige a sua vítima como se faz a um cego, podendo levá-lo a aceitar as doutrinas mais absurdas e as teorias mais falsas como sendo as únicas expressões da verdade. Além disso, pode arrastá-lo a ações ridículas, comprometedoras e até mesmo bastante perigosas.(1)
            Compreende-se facilmente toda a diferença entre obsessão simples e a fascinação. Compreende-se também que os Espíritos provocadores de ambas devem ser diferentes quanto ao caráter. Na primeira, o Espírito que se apega ao médium é apenas um importuno pela sua insistência, do qual ele procura livrar-se. Na segunda, é muito diferente, pois para chegar a tais fins o Espírito deve ser esperto, ardiloso e profundamente hipócrita. Porque ele só pode enganar e se impor usando máscara e uma falsa aparência de virtude.
As grandes palavras como caridade, humildade e amor a Deus servem-lhe de carta de fiança. Mas através de tudo isso deixa passar os sinais de sua inferioridade, que só o fascinado não percebe; e por isso mesmo ele teme, mais do que tudo, as pessoas que vêem as coisas com clareza. Sua tática é quase sempre a de inspirar ao seu intérprete afastamento de quem quer que possa abrir-lhe os olhos. Evitando, por esse meio, qualquer contradição, está certo de ter sempre razão.
            240. A subjugação é um envolvimento que produz a paralisação da vontade da vítima, fazendo-a agir malgrado seu. Esta se encontra, numa palavra, sob um verdadeiro jugo.
            A subjugação pode ser moral ou corpórea. No primeiro caso, o subjugado é levado a tomar decisões freqüentemente absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão considera sensatas: é uma espécie de fascinação. No segundo caso, o Espírito age sobre os órgãos materiais, provocando movimentos involuntários. No médium escrevente produz uma necessidade incessante de escrever, mesmo nos momentos mais inoportunos. Vimos subjugados que, na falta de caneta ou lápis, fingiam escrever com o dedo, onde quer que se encontre, mesmo nas ruas, escrevendo em portas e paredes.
            A subjugação corpórea vai às vezes mais longe, podendo levar a vítima aos atos mais ridículos. Conhecemos um homem que, não sendo jovem nem belo, dominado por uma obsessão dessa natureza, foi constrangido por uma força irrestível a cair de joelhos diante de uma jovem que não lhe interessava e pedi-la em casamento. De outras vezes sentia nas costas e nas curvas das pernas uma forte pressão que obrigava, apesar de sua resistência, a ajoelhar-se e beijar a terra nos lugares públicos, diante da multidão. Para os seus conhecidos passava por louco(2), mas estamos convencidos de que absolutamente não o era, pois tinha plena consciência do ridículo que praticava contra a própria vontade e sofria com isso horrivelmente.
            241. Dava-se antigamente o nome de possessão ao domínio exercido pelos maus Espíritos, quando a sua influência chegava a produzir a aberração das faculdades humanas. A possessão corresponderia, para nós, à subjugação. Se não adotamos esse termo, é por dois motivos: primeiro, por implicar a crença na existência de seres criados para o mal e perpetuamente votados ao mal, quando só existem seres mais ou menos imperfeitos e todos eles suscetíveis de se melhorarem; segundo, por implicar também a idéia de tomada do corpo por um Espírito estranho, numa espécie de coabitação, quando só existe constrangimento. A palavra subjugação exprime perfeitamente a idéia. Assim, para nós, não existem possessos, no sentido vulgar do termo, mas apenas obsedados, subjugados e fascinados.(3)
            242. A obsessão, como dissemos, é um dos maiores escolhos da mediunidade. É também um dos mais freqüentes. Assim, nunca serão demais as providências para combatê-la. Mesmo porque, além dos prejuízos pessoais que dela resultam, constitui um obstáculo absoluto à pureza a veracidade das comunicações. A obsessão, em qualquer dos seus graus, sendo sempre o resultado de um constrangimento, e não podendo jamais esse constrangimento ser exercido por um Espírito bom, segue-se que toda comunicação dada por um médium obsedado é de origem suspeita e não merece nenhuma confiança. Se, por vezes, se encontrar nela algo de bom, é necessário restringir-se a isso e rejeitar tudo o que apresentar o menor motivo de dúvida.
            243. Reconhece-se a obsessão pelas seguintes características:
            1) Insistência de um Espírito em comunicar-se queria ou não o médium, pela escrita, pela audição, pela tiptologia etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam.
            2) Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações recebidas.
            3) Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que, sob nomes respeitáveis e venerados, dizem falsidades ou absurdos.
            4) Aceitação pelo médium dos elogios que lhe fazem os Espíritos que se comunicam por seu intermédio.
            5) Disposição para se afastar das pessoas que podem esclarecê-lo.
            6) Levar a mal a crítica das comunicações que recebe.
            7) Necessidade incessante e inoportuna de escrever.
            8) Qualquer forma de constrangimento físico, dominando-lhe à vontade e forçando-o a agir ou falar sem querer.
            9) Ruídos e transtornos em redor do médium, causados por ele ou tendo-o por alvo.
       244. Em face do perigo da obsessão, ocorre perguntar se não é inconveniente ser médium, se não é essa faculdade que a provoca, enfim, se não é isso uma prova da inconveniência das comunicações espíritas. Nossa resposta é fácil e pedimos que a meditem cuidadosamente.
            Não tendo sido os médiuns nem os espíritas que criaram os Espíritos, mas sim os Espíritos que deram origem aos espíritas e aos médiuns, e sendo os Espíritos simplesmente as almas dos homens, é evidente que sempre exerceram sua influência benéfica ou perniciosa sobre a Humanidade. A faculdade mediúnica é para eles apenas um meio de se comunicarem, e na falta dessa faculdade eles se comunicam por mil outras maneiras mais ou menos ocultas. Seria errôneo, pois, acreditar que os Espíritos só exercem sua influência através das comunicações escritas ou verbais. Essa influência é permanente e os que não se preocupam com os Espíritos, ou nem mesmo crêem na sua existência, estão expostos a ela como os outros, e até mais do que os outros, por não disporem de meios de defesa. É pela mediunidade que o Espírito se dá a conhecer. Se ele for mau, sempre se trai, por mais hipócrita que seja. Pode-se dizer, portanto, que a mediunidade permite ao homem ver o seu inimigo face a face, se assim se pode dizer, e combatê-lo com suas próprias armas. Sem essa faculdade ele age na sombra,e contando com a invisibilidade pode fazer e faz realmente muito mal.(4)
            A quantos atos não é o homem impelido, para sua desgraça, e que seriam evitados se ele tivesse um meio de se esclarecer. Os incrédulos não supõem dizer uma verdade quando afirmam de um homem que se obstina no erro. “É o seu mau gênio que o impele a perder-se”. É assim que o conhecimento do Espiritismo, longe de facilitar o domínio dos maus Espíritos, deve ter como resultado, num tempo mais ou menos próximo, quando se achar divulgado, destruir esse domínio, dando a cada um os meios de se manter vigilante contra as suas sugestões. E aquele que então sucumbir só poderá queixar-se de si mesmo.
            Regra geral: quem quer que receba más comunicações espíritas, escritas ou verbais, está sob má influência; essa influência se exerce sobre ele, quer escreva ou não, isto é, seja ou não médium, creia ou não creia. A escrita oferece-lhe um meio de assegurar da natureza dos Espíritos em ação e de os combater, se forem maus, os que se consegue com maior êxito quando se chega a conhecer os motivos da sua atividade. Se a sua cegueira é bastante para não lhe permitir a compreensão, outros poderão lhe abrir os olhos.
            Em resumo: o perigo não está no Espiritismo, desde que este pode, pelo contrário, servir-nos de controle e preservar-nos do risco incessante a que nos expomos sem saber. Ele está na orgulhosa propensão de certos médiuns a se considerarem muito levianamente instrumentos exclusivos dos Espíritos superiores, e na espécie de fascinação que não lhes permite compreender as tolices de que são intérpretes. Mas mesmo os que não são médiuns podem se deixar envolver.
            Façamos uma comparação. Um homem tem um inimigo secreto que ele não conhece e que espalha contra ele, às ocultas, a calúnia e tudo o que a mais negra maldade possa engendrar. Vê a sua fortuna se perder, os amigos se afastarem, perturbar-se a sua tranqüilidade interior. Não podendo descobrir a mão que o fere, não pode se defender e acaba vencido. Mas um dia o inimigo secreto lhe escreve e se trai, apesar da sua astúcia. Eis descoberto o inimigo que ele agora pode fazer calar e com isso se reabilitar. Esse o papel dos maus Espíritos, que o Espiritismo nos dá a possibilidade de descobrir e anular.
            245. Os motivos da obsessão variam segundo o caráter do Espírito. Às vezes é a prática de uma vingança contra pessoa que o magoou na sua vida ou numa existência anterior. Freqüentemente é apenas o desejo de fazer o mal, pois como sofre, deseja fazer os outros sofrerem, sentido uma espécie de prazer em atormentá-los e humilhá-los. A impaciência das vítimas também influi, porque ele vê atingido o seu objetivo, enquanto a paciência acaba por cansá-lo. Ao se irritar, mostrando-se zangado, a vítima faz precisamente o que ele quer. Esses Espíritos agem às vezes pelo ódio que lhes desperta a inveja do bem, e é por isso que lançam a sua maldade sobre criaturas honestas.
            Um deles se apegou como verdadeira tinha(5) a uma boa família nossa conhecida, que não teve aliás, a satisfação de enganar. Interrogado sobre o motivo do ataque a essa boa gente, ao invés de apegar-se a homens da sua espécie, respondeu: Esses não me dão inveja. Outros são levados por simples covardia, aproveitando-se da fraqueza moral de certas pessoas, que sabem incapazes de lhes oferecer resistência. Um destes, que subjugava um rapaz de inteligência muito curta, respondeu-nos sobre o motivo da sua escolha:
      Tenho muita necessidade de atormentar alguém: uma pessoa capaz me repeliria; apego-me a um idiota que não pode resistir.
            246. Há Espíritos obsessores sem maldade, que são até mesmo bons, mas dominados pelo orgulho do falso saber: têm suas idéias, seus sistemas sobre as Ciências, a Economia Social, a Moral, a Religião, a Filosofia. Querem impor a sua opinião e para isso procuram médiuns suficientemente crédulos para aceitá-las de olhos fechados, fascinando-os para impedir qualquer discernimento do verdadeiro e do falso. São os mais perigosos porque não vacilam em sofismar e podem impor as mais ridículas utopias. Conhecendo o prestígio dos nomes famosos não têm escrúpulo em enfeitar-se com eles e nem mesmo recuam ante o sacrilégio de se dizerem Jesus, a Virgem Maria ou um santo venerado.(6)
            Procuram fascinar por uma linguagem empolada, mais pretensiosa do que profunda, cheia de termos técnicos e enfeitada de palavras grandiosas, como Caridade e Moral. Evitam os maus conselhos, porque sabem que seriam repelidos, de maneira que os enganados os defendem sempre, afirmando: Bem vês que nada dizem de mau. Mas a moral é para eles apenas um passaporte, é o de que menos cuidam. O que desejam antes de mais nada é dominar e impor as suas idéias, por mais absurdas que sejam.(7)
            247. Os Espíritos sistemáticos são quase sempre escrevinhadores. É por isso que procuram os médiuns que escrevem com facilidade, tratando de fazê-los seus instrumentos dóceis e sobretudo entusiastas, por meio da fascinação. Esses Espíritos são geralmente verbosos, muito prolixos, procurando compensar pela quantidade a falta de qualidade. Gostam de ditar aos seus intérpretes volumosos escritos, indigestos e muitas vezes pouco inteligíveis, que trazem felizmente como contraveneno a impossibilidade material de ser lidos pelas massas. Os Espíritos realmente superiores são sóbrios nas palavras, dizem muita coisa em poucas linhas, de maneira que essa fecundidade prodigiosa deve ser sempre considerada suspeita.
            Nunca será demais a prudência, quando se tratar da publicação de semelhantes escritos. As utopias e as excentricidades, que são neles freqüentemente abundantes e chocam o bom senso, provocam impressão muito desagradável nas pessoas que se iniciam, dando-lhes uma idéia falsa do Espiritismo, sem contar ainda que servem de armas aos adversários para ridicularizá-lo. Entre essas publicações há as que, sem serem más e sem provirem de uma obsessão, podem ser consideradas como imprudentes, intempestivas e inábeis.(8)
 248. Acontece com muita freqüência que um médium só pode comunicar-se com um Espírito que se ligou a ele e responde pelos que são evocados. Nem sempre se trata de obsessão, porque isso pode decorrer de uma falta de flexibilidade do médium e de uma afinidade especial de sua parte com este ou aquele Espírito. A obsessão propriamente dita só existe quando o Espírito se impõe e afasta voluntariamente o outro, o que jamais é feito por um Espírito bom. Geralmente, o Espírito que se apossa do médium para dominá-lo não suporta o exame crítico das suas comunicações. Quando vê que elas não são aceitas, mas submetidas à discussão, não deixa o médium mas lhe sugere o pensamento de se afastar, e muitas vezes mesmo lhe ordena que se afaste. Todo médium que se aborrece com as críticas das suas comunicações faz-se eco do Espírito que o domina, e esse Espírito não pode ser bom, desde que lhe inspira o pensamento ilógico de recusar o exame.
O isolamento do médium é sempre prejudicial para ele, que fica sem a possibilidade de controle de suas comunicações. Ele deve não somente esclarecer-se através de terceiros, mas também estudar todos os gêneros de comunicações, para aprender a compará-las. Limitando-se às que recebe, por melhores que lhe pareçam, fica exposto a enganar-se quanto ao seu valor, devendo-se ainda considerar que ele não pode conhecer tudo e que elas giram sempre num mesmo círculo de idéias. (Ver no número 192: Médiuns exclusivos)
            249. Os meios de combater a obsessão variam, segundo as características de que ela se reveste. Não existe um perigo real para todo médium que esteja bem convencido de lidar com um Espírito mentiroso, como acontece na obsessão simples. Esta não será para ele mais do que um fato desagradável. Mas precisamente por lhe ser desagradável, o Espírito tem mais uma razão para insistir em aborrecê-lo. Duas medidas essenciais devem ser tomadas pelo médium nesse caso: provar ao Espírito que não foi enganado por ele e que será impossível deixar-se enganar; segundo, cansar-lhe a paciência, mostrando-se mais paciente do que ele. Quando se convencer de que perde o seu tempo, acabará por se retirar, como o fazem o importuno a quem não se escuta.
            Mas isso nem sempre é suficiente e pode demorar bastante, porque existem os teimosos, para os quais os meses e os anos pouco significam. O médium deve, além disso, apelar fervorosamente ao seu bom anjo e aos bons Espíritos que lhe são simpáticos, suplicando-lhes assistência. No tocante ao Espírito obsessor, por mau que ele seja, é necessário tratá-lo com serenidade mas ao mesmo tempo com benevolência, vencendo-o pelo bom procedimento, orando por ele. Se for realmente um Espírito perverso, a princípio se divertirá com isso, mas submetido com perseverança a um processo de moralização, acabará por emendar-se. É uma conversão que se empreende, tarefas muitas vezes penosas, ingratas, mas cujo mérito está na própria dificuldade, e que uma vez bem realizada traz sempre a satisfação de se haver cumprido um dever de caridade, e freqüentemente a de haver reconduzido ao bom caminho uma alma perdida.(9)
             É também conveniente interromper as comunicações escritas quando se reconhece que procedem de um Espírito mau,que nada quer ouvir, para não se lhe dar o prazer de ser ouvido. Em certos casos, pode mesmo ser útil deixar de escrever por algum tempo, regulando-se isso de acordo com as circunstâncias. Mas se o médium escrevente pode evitar essas conversações abstendo-se de escrever, não se dá o mesmo com o médium audiente, que o Espírito obsessor persegue às vezes a todo instante com seu palavreado grosseiro e obsceno, e que não tem nem mesmo o recurso de fechar os ouvidos. De resto, devemos reconhecer que certas pessoas se divertem com a linguagem trivial dessa espécie de Espíritos, que os encorajam e provocam ao rir das suas tolices, ao invés de lhes impor silêncio e orientá-los moralmente. Nossos conselhos não podem aplicar-se a esses que desejam afogar-se.

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